top of page

A influência digital nas jornadas de aprendizagem flexíveis

Você já parou para pensar que as pessoas nascidas nos anos de 1980 fazem parte da última geração a conhecer o mundo sem a internet? Sim, a rede mundial de computadores foi disponibilizada ao público em escala global no início dos anos de 1990, através das linhas discadas, lembra daquele barulhinho na hora de conectar? De como era lento abrir um site, fazer uma pesquisa ou entrar numa sala de bate-papo, tudo ainda com um design bem precário e limitado? De esperar o final de semana para ficar conectado quanto tempo quisesse, não sendo cobrado por cada minuto de ligação, pagando apenas pela tarifa de um pulso telefônico? Parece que isso tudo é coisa de uma outra vida, não é? Mas, não se engane, foi ontem mesmo. Se você tem mais de vinte e poucos anos, talvez se lembre desse mundo.


Diante desse retrospecto, se você nasceu antes de 1990, é possível afirmar que, provavelmente, passou, ou ainda passa, um certo tempo em frente a televisão, vendo a programação “imposta” pelas emissoras dentro de uma grade de horário fixa e pré-definida. Para quem nasceu depois de 1990, em geral, a televisão é vista como um aparelho que insiste em fazer parte da mobília de muitas residências, que serve, na melhor das hipóteses, como uma tela grande para conectar o computador ou o videogame e ampliar um pouco a experiência de navegar pela internet ou de curtir jogos eletrônicos.


O conceito de entretenimento e de informação sendo intermediados por uma mídia, mudou muito rapidamente. Na verdade, não é o tamanho ou a quantidade de conteúdo que trafega na internet o que mais impressiona, mas sim as possibilidades de acesso. As pessoas podem ver o que quiser, na hora que quiser e onde quiser. Continuamos sendo vorazes espectadores do conteúdo produzido por outros, mas hoje, temos muito mais condições de gerar conteúdo próprio, divulgar, influenciar e conquistar a fama com mais facilidade que em qualquer outro período histórico.


Como consequência direta, nossos heróis, ídolos e modelos de sucesso também mudaram. Boa parte dos jovens continua admirando atores, cantores, atletas e profissionais em geral que se destacam em suas áreas, mas são as “celebridades da internet” que despertam cada vez mais a atenção do público com menos de 30 anos. Para eles, é muito mais presente e palpável a chance de qualquer “pessoa normal” ficar famosa e ganhar dinheiro, simplesmente produzindo e postando vídeos em seus canais pessoais, muitas vezes de maneira bem caseira, fazendo uso apenas do carisma e da diversão, sem qualquer pretensão de desenvolver discussões em profundidade.


A qualidade do conteúdo produzido nesses canais é algo muito subjetivo e bastante relativo. É verdade que entre os mais populares nem sempre encontramos abordagens a respeito do conhecimento científico, mas na vastidão da internet, existem produções sobre esses temas e sobre quaisquer outros que você possa imaginar. O desafio atual dos educadores, líderes e, certamente, dos influenciadores digitais é estimular o uso positivo desse repertório na construção de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor.


Neste sentido, é necessário ampliar a discussão sobre as possibilidades de flexibilização e de adaptação das jornadas de aprendizagem, visando proporcionar experiências memoráveis no processo de aprendizagem e de desenvolvimento de competências.




Victor Kraide Corte Real: Publicitário, doutor em Ciências da Comunicação. Diretor da Faculdade de Artes Visuais e Coordenador do Programa de Práticas de Formação da PUC-Campinas.


10 visualizações0 comentário

Comments