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Três medidas que ilustram uma política de educação destrutiva


Há anos e anos acompanhando a educação no Brasil, a conclusão não poderia ser diferente: decepção. Faltam planos e estratégias para assegurar uma real evolução de resultados da oferta de educação, em todos os níveis (do infantil ao superior), com metodologias embasadas em novas estratégias e novas tecnologias.


O atual ministro da Educação, Camilo Santana, construiu moinhos para atacar: Reforma do Ensino Médio, EAD no Ensino Superior e as Licenciaturas. Contudo, como Dom Quixote, está batalhando contra o vento sem ter um plano real de médio prazo com políticas claras e positivas para a Educação Brasileira. Santana utiliza falas com erros técnicos de regulação e não abriu nenhuma bandeira com propostas reais e consistentes em nenhuma das etapas da educação.


Primeiro foi contra o crescimento do ensino superior a distância, sem ter dados que comprovassem que cursos na modalidade EAD eram priores em formação do que os mesmos na modalidade presencial. Aliás, os indicadores não apresentam esta diferença, ainda mais se forem considerados os perfis dos ingressantes nas duas modalidades. É esperado que um governo de esquerda seja focado na inclusão. E colocar-se contra o EAD é ser contra a inclusão social. Isso é exatamente o que a modalidade proporciona em um país de dimensão continental e com diversidades enormes.


Outra medida questionável foi a revogação da Reforma do Ensino Médio, depois de ter sido trabalhada por dois anos entre 2015 e 2017 e adiada em escala nacional devido à pandemia. Agora a reforma caiu por terra sem ter ainda um projeto substituto realmente validado pela sociedade e ainda em debate no legislativo.


O ministro trocou um projeto em implantação por um vácuo de mais um ou dois anos para que os estados possam se preparar para a sua implantação. Até lá, cada um vai construindo seu modelo, sem uma harmonia estratégica nacional. E os problemas se aprofundam.


Comparado com outros 76 países, o Brasil fica em Matemática na 65ª posição, em Leitura e Interpretação na 52ª e em Ciências na 62ª posição.


Outra visão assustadora vem da fala do Diretor de Avaliação do INEP, Ulisses Teixeira, no último dia 25 de abril, durante evento que comemorava os 20 anos do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). Ele destacou que, em 2024, o Governo Federal só vai avaliar as licenciaturas na prova do Enade.


As licenciaturas são importantes para a formação de professores, porém, mais uma vez, o ministro e seus associados diretos e indiretos veem o problema no lugar errado.

 

Os candidatos a formação de professores não têm qualquer motivação em estudar e se esforçar para aprimorar conhecimentos e investir em mais e mais aprendizado. Isso ocorre não porque as formações são ruins, mas porque a carreira que vão abraçar é totalmente desmotivadora, seja pelo valor da remuneração, pela pouca chance de dedicação exclusiva a uma instituição ou pela falta de recursos para desenvolvimento de um trabalho digno, na maioria das instituições públicas ou privadas.


Além disso, optar por desprezar a avaliação de outros cursos de alto valor de mercado que tratam da tecnologia da informação, por exemplo, é dar as costas para uma possível evolução de formação de quadros que podem ampliar a produtividade do cidadão brasileiro, aumentar o PIB e gerar renda para a população e para o Estado.


Educação é metodologia, planejamento e execução. Nada de bom sairá de uma gestão de pasta ministerial que tem muito a criticar e destruir e nada claramente a propor e realizar. Não, o objetivo aqui, não é defender um lado político e atacar outro, mas a realidade está aí e não pode ser ignorada.

 

César Silva é diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente

da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos. Foi vice-

diretor superintendente do Centro Paula Souza. É formado em Administração de

Empresas, com especialização em Gestão de Projetos, Processos Organizacionais e

Sistemas de Informação.

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